
Jessica Queiroz
A paulistana Jessica Queiroz é diretora de cena e roteirista. É muito vencedor conseguir trabalhar com Cinema no Brasil. Acho muito foda. Como você se relaciona com esse fazer e com o fato de que você consegue mesmo viver trabalhando com filmes? Essa coisa do “ser difícil” é sempre uma questão pra todo mundo que está ao meu redor, sempre conversamos muito sobre. A gente vira e mexe quer desistir (risos). Mas um lado é: eu não sei fazer outra coisa. Eu amo muito o que faço, gosto de contar histórias, então é meio difícil pra mim pensar em outra possibilidade que não seja usar palavra e imagem em movimento. Lembro de quando gravei algumas mulheres negras do audiovisual, tanto novas quanto pioneiras, e perguntei para a Cristina Amaral, a primeira montadora negra do cinema brasileiro, uma gênia, se ela pensava em desistir. Ela falou uma coisa maravilhosa: “é meu direito estar aqui, então não tem como desistir, é pra eu estar aqui.” Toda vez que estou desanimada, afinal, o desânimo também aparece, ainda mais nesses últimos anos que vivemos, essa frase surge no meu ouvido várias vezes. Querer desistir ou ficar muito cansada é normal, mas eu sei que […]
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Heitor Dhalia
Heitor Dhalia, diretor de cinema, roteirista e produtor, é de Recife (PE). Como você desenvolveu a sua relação com imagem ao longo da carreira? É interessante, porque, na verdade, a primeira coisa que me chama a atenção nos projetos são os temas, os assuntos que vou abordar. Você normalmente tem uma intuição que te leva àquele universo, àquela discussão temática, e cada vez eu me preocupo mais com o que a retórica da ficção diz, o que o assunto propõe enquanto discussão e que relação ele tem com o mundo. Porém sou meio escravo da imagem, muito ligado em conceitos estéticos, em buscar partidos estéticos e construir universos estéticos – o que eu acho até uma limitação como diretor. Não consigo fazer qualquer filme, desconsiderar a construção da imagem e a beleza. Mas tem gente que não liga tanto para a beleza, sabe? Era a primeira coisa que eu tinha vontade de te perguntar, conhecendo o seu trabalho… Gosto de construir imagem, beleza. Tem a ver com pintura, conceitos de fotografia, de luz, com o que é belo! Eu adoro diretores que fazem isso: você pega um Visconti, um Antonioni, Kurosawa, Kubrick, Coen… Todos constroem muito bem os seus universos, […]
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Dani Libardi
Dani Libardi, cineasta e artista plástica, dirigiu “3%“, a primeira série original brasileira da Netflix. Ela é de Piracicaba (SP). Teve um momento em que “virou a chavinha”, em que você entendeu que trabalharia com arte? Acho que sei desde criança. Além de cineasta, sou artista plástica. Comecei a fazer aulas de desenho com 6 anos. Minha mãe achou que eu tinha talento – comecei a desenhar antes de escrever – e foi virando parte da minha personalidade isso de se expressar artisticamente. Quando eu estava no cursinho, não sabia o que prestar de faculdade: não queria Artes Plásticas, porque eu já desenhava. Achava interessante o curso, mas não sabia se era isso o que eu queria mesmo. Foi quando, pesquisando, descobri o Audiovisual. E o que me motivou a fazer foi essa possibilidade de contar histórias para muitas pessoas que você não conhece e que não vai encontrar pessoalmente. Você filma algo que pode rodar o mundo! Na época em que prestei nem existia YouTube, acho que foi no segundo ano da minha faculdade que ele começou. Então tudo fez muito sentido e esse é meu desejo, contar histórias para as pessoas e emocioná-las sem precisar necessariamente ter alguma […]
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Camila Márdila
Camila Márdila, atriz, é de Taguatinga (DF). Você se apaixonou primeiro por cinema ou pela atuação? Atuação. Eu fui entender o cinema mais tarde! Não tive uma criação com muito contato com o Cinema – nem com teatro. Não sei de onde tirei isso de ser atriz! (risos) Acho que foi tudo muito intuitivo, era uma coisa da qual eu gostava de fazer, tipo aulinha de teatro. Quando eu era muito pequenininha e não sabia nem ler, com uns quatro ou cinco anos, minha mãe me ajudava a decorar poemas para a apresentação de Dia das Mães da escola… Aí eu participava de todas as apresentações e ela percebia que aquilo me deixava menos tímida, porque eu era muito retraída, fechada. Não era uma criança brincalhona, era séria, uma criança meio velha. Então ela me colocou em oficinas de teatro, cursos.. Tinha um lugar em Brasília que dava curso de modelo infantil, mas a aulinha era de teatro e expressão corporal. Quando eu tinha 14 anos, comecei a dar aulas de desfile para crianças e virei tipo monitora/professora. Comecei a trabalhar bem cedo, assim, nas escolas, uma vez por semana. Aí fui juntando um dinheirinho – também porque tinha essa […]
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