
Julia Pak
Julia Pak, capixaba, é estilista e criadora do Julia Pak Atelier. Você teve um momento de virada de chave, em que teve certeza de que iria trabalhar com o que você faz hoje? Tem um momento específico, sim, em que eu entendi que ainda iria trabalhar com vestidos de noiva. Mas ser estilista não passava pela minha cabeça, até porque era a última coisa que eu falei que seria na vida, não achava que tinha talento – e os professores da faculdade concordavam. (Risos) Jura? Pois é. Bom, fui para Nova Iorque pela primeira vez quando tinha 18 anos. Foi numa Páscoa e meu pai me levou – era o meu sonho. Ele me perguntou onde eu queria ir e me pediu para fazer uma lista. Nessa lista, estava a loja da Vera Wang, na Madison Avenue. Meu pai me perguntou o que eu iria fazer lá, e eu disse que não sabia. (Risos) Cheguei e era tudo fechado, não dava para ver nada, nem vitrine tinha, tinha o nome da Vera Wang, um manequim com um vestido de noiva num fundo preto, tudo preto, e um interfone. Toquei. Atenderam e perguntaram se eu tinha horário marcado. Falei que não, […]
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Larissa Nunes
Larissa Nunes (São Paulo – SP) é atriz e cantora. Como é que tem sido viver como artista no Brasil em 2023? Você está notando muita diferença dos quatro anos anteriores que tivemos para agora? Olha, viver como artista no Brasil, nas condições em que vivo agora… Eu sinceramente considero um momento muito único. A minha carreira tem visto uma sequência de trabalhos, eu acabei fazendo muitas coisas e essas coisas estão prestes a ser lançadas. Estou com tudo em pós-produção, vou fazendo séries que sei que só vão aparecer daqui a um ano, mas, de maneira geral, tenho me sentido muito produtiva, intensamente inspirada e com esse desejo de entrar ainda mais no fluxo que a gente tem produzido, né? A retomada do Audiovisual, desde a pandemia, tem acontecido aos poucos, não é tão da maneira como a gente gostaria, mas sinto que estamos fazendo uma coisa muito legal e, ao mesmo tempo, muito inédita, principalmente para a pessoas que vieram de uma trajetória como a minha, uma trajetória periférica. Parece que as coisas estão começando a entrar no eixo e isso faz com que eu tenha uma sequência de personagens relevantes e protagonistas e ocupando lugar no streaming, […]
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Emerson Rocha
Emerson Rocha (São Paulo, SP) é artista visual, crítico e curador. Falar sobre o seu povo, fazer arte sobre o seu povo… Desde quando você soube que seria assim, que a sua arte seria sobre a sua gente? Eu acredito que foi uma uma espécie de processo, na verdade. Porque são vivências que a gente tem diariamente, relações que acontecem de forma natural, mas trazer isso para a arte é uma coisa mais recente na verdade, vai muito da questão de descolonizar um pouco os pensamentos, de começar a perceber quais temas são mais importantes, o que é mais urgente de ser dito em relação às coisas em que acredito. Acabou sendo um processo de autoconhecimento trabalhar esses temas. A partir do momento em que comecei a me conhecer melhor, passei a entender a importância deles. Você tem uma memória de quando sentiu que esse era o seu lance, que você trabalharia com arte? Teve um momento de virada de chave? Teve. Até setembro de 2021, eu estava trabalhando em um emprego de TI. Eu caí de meio de paraquedas lá. Era época de pandemia caminhando para o final. Digo que caí de paraquedas porque estava sentindo que eu precisava […]
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Mari Oliveira
Mari Oliveira, nascida no Rio de Janeiro, é atriz e roteirista. Você é atriz… no Brasil! Muito difícil, muito foda. Muito incrível! É um baita privilégio poder conseguir fazer. Apesar de todo drama, é um baita privilégio. Hoje, olhando pra sua carreira, pro seu trabalho, como você está se relacionando com essa escolha de vida? Com relação a ser atriz, acho que estou no meu melhor momento. Acabei de lançar uma série (“Dois Tempos”, no Star+), acabei de estrear o filme “Medusa”, tenho mais cinco coisas pra estrear esse ano. E isso é muito incomum, né? Mas, sendo realista e, principalmente, justa, não só com o que é ser ator no Brasil, mas com a minha atual condição pessoal, isso não significa que estou super bem-sucedida financeiramente e tenho uma estabilidade financeira ou que tenho a frequência que gostaria de trabalho. Hoje eu estou bem, estou num ótimo momento de estreias, mas ainda não estou na condição ideal que imaginei. Claro que preciso ser justa e generosa comigo, com com os lugares que já acessei, com os trabalhos que já fiz e com tudo o que ainda está por vir, mas sou muito realista. Se eu fosse branca, por exemplo, […]
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Jessica Queiroz
A paulistana Jessica Queiroz é diretora de cena e roteirista. É muito vencedor conseguir trabalhar com Cinema no Brasil. Acho muito foda. Como você se relaciona com esse fazer e com o fato de que você consegue mesmo viver trabalhando com filmes? Essa coisa do “ser difícil” é sempre uma questão pra todo mundo que está ao meu redor, sempre conversamos muito sobre. A gente vira e mexe quer desistir (risos). Mas um lado é: eu não sei fazer outra coisa. Eu amo muito o que faço, gosto de contar histórias, então é meio difícil pra mim pensar em outra possibilidade que não seja usar palavra e imagem em movimento. Lembro de quando gravei algumas mulheres negras do audiovisual, tanto novas quanto pioneiras, e perguntei para a Cristina Amaral, a primeira montadora negra do cinema brasileiro, uma gênia, se ela pensava em desistir. Ela falou uma coisa maravilhosa: “é meu direito estar aqui, então não tem como desistir, é pra eu estar aqui.” Toda vez que estou desanimada, afinal, o desânimo também aparece, ainda mais nesses últimos anos que vivemos, essa frase surge no meu ouvido várias vezes. Querer desistir ou ficar muito cansada é normal, mas eu sei que […]
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Mariana Volker
Mariana Volker, nascida no Rio de Janeiro (RJ), é cantora e compositora. Parabéns pelo álbum novo [“Impossível Dizer Que Não Senti”]! O lançamento de um álbum deve ser um processo bastante catártico. Como foi a estreia? Como você está se sentindo agora que “foi”?Foi muito catártico. Nunca é suave o processo de fazer discos, sempre é um processo de parir, mesmo. Tem horas em que você fala “não vai rolar, não quero mais” e logo depois emenda um “nossa, é isso”! Tem um encantamento. E este foi um disco que não nasceu com a ideia de ser um disco. Lá atrás, quando o comecei no início da pandemia, quis fazer um EP com quatro músicas acústicas. Queria gravar as vozes em casa, porque estava todo mundo confinado. Aí virou um disco de nove músicas, com muitos canais e instrumentos… virou o que virou porque ele foi acontecendo! E nesse processo, às vezes a gente acaba se questionando sobre muitas das músicas… Uma das minhas preferidas do disco, por exemplo, quase tirei de lá – e isso é muito louco. Mas foi bom, porque acho que, nesse disco, eu entendi a minha linguagem, minha força como artista, o que eu sei […]
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Duda Brack
Duda Brack (Porto Alegre, RS) é cantora, compositora e atriz. Tem muita coisa acontecendo na sua vida no último ano… o que você considera que está rolando de mais incrível na sua vida agora? Acho que a novela (“Além da Ilusão”, da Globo) foi um presente muito simbólico, porque era algo que sempre quis fazer. Se eu for rememorar as minhas primeiras brincadeiras de infância, elas eram muito mais associadas com interpretação, tinham personagens… O cantar e a música vieram para mim bem depois. Eu descobri que cantava bem aos 11 ou 12 anos e aí, devagarzinho, fui começando a me soltar. Só quando fiz 15 anos que assumi realmente que eu gostava de cantar e iria me jogar. Aí comecei a cantar em bares, festas de casamento, formaturas… Inclusive, acho que não vivi boa parte da minha adolescência tradicional, como a maioria das pessoas, que fica mais ocupada com “sexo, drogas e rock’n’roll” (risos), porque eu estava imersa em fazer música. E eu ainda tinha uma ideia de que havia começado muito tarde, que a maioria das cantoras começam aos 2 anos de idade, que têm família de músicos… eu achava que estava chegando depois no rolê. Eu tinha […]
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Pedro Garcia de Moura
Pedro Garcia de Moura é um artista carioca. Criou o personagem Cartiê Bressão. Como você define a sua profissão quando vai preencher algum questionário?Sabe que pensei nisso hoje? Tenho um filhinho aqui de três anos e minha companheira é cantora. Agora, com o livro, o pequeno fica falando “o papai é fotógrafo, papai é escritor”, e eu pensei o que preencheria nesses formulários de aeroporto. Até falo disso no livro [“Emoção Criativa”, lançado recentemente] e é uma coisa que eu sinto, que tento me definir mais pelos projetos que faço do que por uma profissão. Acho que este caminho de quem faz universidade e tem que se colocar numa gaveta é um pouco limitador. Existe esse certo perigo em se definir. Ser um criativo – alguém que sabe manusear a criatividade – não deve ser fácil. Apesar de te oferecer um monte de possibilidades, não deve ser fácil. Tem uma reflexão que tenho feito no meu caso específico: quem não se limita a uma determinada definição ou rótulo vai tendo que construir a sua carreira de modo que o nome da pessoa traz uma determinada percepção do que ela faz. Desde Wagner Moura, que agora também virou diretor, Chico Buarque, […]
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Giovana Cordeiro
Giovana Cordeiro é atriz e mora no Rio de Janeiro, RJ. Como está sendo para você ver a cena cultural voltando devagar a acontecer? Como foi vivenciar isso tendo abertura neste cenário, estando inserida nele? Passar por este processo me desafiou para que eu me colocasse em um lugar diferente. Tive a sorte de estar em um projeto que estrearia durante a pandemia, eu tinha o filme sobre o Magal ali na expectativa… Então, de certa forma, comparado a tudo o que tava acontecendo, eu me sentia assim: “beleza, isso aqui vai acontecer, vamos trabalhar.” Eu estava organizada e conseguiria tentar entender as coisas. E aí, artisticamente, foi amadurecendo por aqui uma uma independência, mesmo. A classe, num geral, teve que aprender a se produzir. E isso envolveu muita coisa, todo mundo tendo que se reinventar. Eu comecei a me pensar nesse lugar, da escrita, ou de pensar em produzir, chamar amigos para projetos… Foi muito bom artisticamente e eu me conheço mais fazendo isso, sabe? Participando de coisas com pessoas que são próximas… Estava pensando nisso ainda agora: a gente, num cenário um pouco carioca e até mais audiovisual, fica querendo ser visto por pessoas, querendo trabalhar com pessoas… […]
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Pedro Gabriel
Pedro Gabriel, escritor, publicitário e criador do projeto Eu me chamo Antônio, nasceu no Chade, na África. Não consigo encontrar na memória desde quando sigo o seu trabalho. Faz tempo! O projeto nasceu em 2012, certo? Isso! O primeiro livro foi publicado em 2013, mas desde 2012 eu já postava os guardanapos, ainda que de forma muito tímida na internet. Em 2014 publiquei o segundo e, em 2016, o terceiro, que é o mais recente. O meu guardanapo, na verdade, nasceu fora da internet: foi no balcão do bar que eu frequentava no Rio de Janeiro quando morava lá, onde eu parava para tomar um chopp, conversar com os amigos… Ali que produzo os guardanapos. A ideia foi totalmente despretensiosa? Totalmente. Sempre gostei de anotar coisas em guardanapos e em papéis: a minha cabeça não para de pensar, de ter ideias, só depois vou ver se são boas ou não. Tenho o hábito de sempre anotar tudo, ando com um caderno de bolso. Um dia, quando ainda trabalhava como redator, estava voltando do trabalho e tinha esquecido o caderno. Tinha várias ideias na cabeça, aí parei no ponto de ônibus e, em frente, estava o Café Lamas, onde desenho todos […]
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